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“Seu amor pela cultura formaram novos artistas e idealizadores que, assim como ele, defendem que a cultura é a essência de um povo”, disse o artista popular Valdeir Miranda sobre o legado deixado por Camilo de Lellis Lins, o Mestre Camilo, da cidade de Sapé, na Zona da Mata paraibana. Camilo morreu aos 59 anos de idade, no último dia 26, em decorrência de um infarto.
Radialista, cantor, compositor, artista plástico e artesão em couro, ele foi responsável pela fundação da primeira emissora de rádio do município, a Sapé FM.
“Fui um grande admirador de Mestre Camilo, homem com amor à cultura popular e comunicação. Sempre que ouvia pela rádio, eu ficava encantado com suas melodias. Sempre será lembrado e o que ele plantou deu fruto, pois seguiremos na luta por mais valorização e reconhecimento, por mais liberdade, porque Mestre Camilo nos ensinou a amar a cultura sapeense”, afirmou o produtor cultural Valdeir Miranda, assessor de suporte operacional da Secretaria Executiva de Cultura de Sapé. Descendente de indígenas Potiguar, desde quando era criança, Miranda observava a família brincar o Reizado.
Músico percussionista e apresentador do programa musical Pagodeira, transmitido na Rádio Sapé FM, Allan Freire também lamentou a morte do amigo. “Sapé perde muito com essa partida de Mestre Camilo, um homem sempre brincalhão, que gostava de fazer suas composições homenageando pessoas da nossa cidade como, por exemplo, seu Elói, que foi muito conhecido aqui na cidade. Mestre Camilo fez uma música que até hoje Sapé canta e que se chama ‘Carrapicho na canela dói’”, destacou ele. “Mestre Camilo tinha um coração grandioso, sempre ajudando aos que mais precisavam. Na Rádio Sapé FM, ele criou o Natal Sem Fome da emissora e todo alimento era doado para as famílias carentes da nossa cidade”, disse o radialista.
“Convivi 20 anos com Mestre Camilo. Quando ele fundou a rádio, em 2001, eu sempre ia ao estúdio visitar com meu irmão, Leonardo Ferreira. Foi quando ele convidou meu irmão para fazer parte da emissora e, no ano seguinte, também me convidou”, relembrou Leandro Silva, que é operador de áudio e diretor da Rádio Sapé FM. “Durante esse tempo aprendi muito com ele e dirigi a primeira carrocinha de som da cidade que ele fez. Ajudei-o na divulgação dos seus CDs e sempre colaborando com a rádio. Todo o acervo cultural dele – formado por discos, fotos, roupa do pastoril e alguns arquivos pessoais – eu juntei e levei para a biblioteca municipal, para preservação da sua história cultural”, afirmou ele.
Ao lamentar a morte do brincante, a Prefeitura de Sapé ressaltou que o Mestre Camilo era o maior defensor da cultura na cidade.
A Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Turismo do Município também destacou a importância do artista para a cultura sapeense, pois também criou a primeira difusora de poste, a primeira carroça de som, a primeira bicicleta de som, além do Pastoril do Mestre Camilo, bem como a festa de Santa Luzia, ao lado do amigo Tapioca, o primeiro carro alegórico e o primeiro samba-enredo inédito das escolas carnavalescas de Sapé, dentre outros feitos.
Reportagem: Guilherme Cabral
Edição: Audaci Junior Editoração: Luciano Honorato Foto: Divulgação